sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

José Adalberto Ferreira glosando o mote:

Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar seu amor do coração.


Seu veículo de amor ainda cabe
Na garagem do peito que era seu
O chassi do seu corpo está no meu
Se eu tentar alterá-lo,o mundo sabe
Não existe paixão que não se acabe
Mas amor não possui limitação
Vai além das fronteiras da Razão
E o que eu sinto por ela é sem fronteira
Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar seu amor do coração.
Da carteira eu tratei de dar um jeito
De tirar sua foto de olhos vivos
Mas não pude apagar os negativos
Que ficaram gravados no meu peito
Junto à lei nosso caso foi desfeito
A igreja anulou nossa união
Mas do peito eu não tenho condição
De tirar esse amor por mais que eu queira
Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar você do coração.
Seu retrato foi todo incinerado
Mas até na fumaça deu pra vê-la
Não há nada que faça eu esquece-la
Eu nem sei se por ela sou lembrado
Meu desejo inda tá contaminado
Pelo vírus da sua sedução
Junta médica não faz intervenção
Se souber que a doença é roedeira
Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar seu amor do coração.
Esse meu coração só pensa nela
Apesar de bater no meu reduto
Cento e vinte pancadas por minuto
São as vinte por mim,as cem por ela
Eu com raiva,rasguei a foto dela
Mas amor não se rasga com a mão
Se vontade rasgasse ingratidão
Eu só tinha deixado a pedaceira
Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar seu amor do coração.

Carlos Cavalcanti glosando o mote:

EU DEIXEI MINHA REDE LÁ NA SALA
E PARTI COM VONTADE DE VOLTAR 

Quando o trem apitou lá na estação
eu fiquei debruçado na janela
com meus olhos molhados, pois aquela
despedida era feita de emoção,
disparou no meu peito o coração:
Minha mãe se acabando de chorar
e meu pai cabisbaixo a meditar
despediu-se de mim tremendo a fala.
Eu deixei minha rede lá na sala
e parti com vontade de voltar .

Já bem perto do dia da partida
percorri os recantos da fazenda,
tirei caldo-de-cana na moenda,
comecei a traçar a minha vida:
Procurei evitar a despedida
prometendo que iria retornar,
(na cidade não dava pra ficar),
mesmo assim, arrumava a minha mala.
Eu deixei minha rede lá na sala
e parti com vontade de voltar. 

Lá deixei a arapuca , a baladeira,
alpercata de estralo e carrapeta,
joguei fora o meu bom chapéu baeta,
desprezei o pião junto à ponteira,
dei a foice, o serrote, a roçadeira,
a peixeira com pedra-de-amolar,
até mesmo o bisaco de caçar
onde sempre levava caça e bala.
Eu deixei minha rede lá na sala
e parti com vontade de voltar. 

A viagem deixou-me apreensivo,
além disso, morrendo de saudade,
pois trocara a fazenda por cidade,
no começo senti-me um morto/vivo,
mas o sonho trazia-me o incentivo
no desejo latente de estudar.
A vontade maior de batalhar,
nestes versos não dá para explicá-la.
Eu deixei minha rede lá na sala
e parti com vontade de voltar. 

Chamei Tonho, num dia de caçada,
entreguei-lhe a gaiola e a patativa,
relutei em tomar iniciativa
mas a hora final era chegada.
Detonei mais um tiro na espingarda
e olhei a fumaça pelo ar,
aumentou-me a vontade de chorar,
respirei, procurando sufocá-la.
Eu deixei minha rede lá na sala
e parti com vontade de voltar. 

Ao passar de alguns anos eu voltei,
fui rever a fazenda abandonada,
folhas secas em cima da calçada,
numa porta entreaberta logo entrei.
Sufocando emoção muito chorei
vendo a imagem de outrora retornar…
sem meu pai, sem mamãe a prantear,
no meu peito a saudade então se instala.
Não vi rede nenhuma lá na sala,
foi mais forte a vontade de voltar…

José de Sousa Dantas glosando o mote:

Sertanejo tem mania
de estar assoviando
É costume no sertão,
a pessoa assoviar,
para se realizar
entoando uma canção,
que faz com disposição
toda vez que vai andando,
trabalhando ou passeando
pela sua freguesia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando.

Ele acorda bem cedinho
disposto para cantar,
e começa a se inspirar
escutando o passarinho;
prossegue no seu caminho
animado, contemplando,
desenvolvendo e cantando
até o final do dia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

É próprio do sertanejo
manter sua tradição,
que se vê na expressão
da linguagem e do traquejo,
aproveitando o ensejo,
vai sonhando e matutando,
se entretendo e se empolgando,
uma toada inicia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

Ele escolhe uma canção
da sua conveniência,
e toca numa cadência,
na mais doce inspiração,
e se enche de emoção,
quanto mais vai recordando,
revivendo e revelando
seu sonho de fantasia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

Assovia as mais bonitas
melodias existentes,
das antigas às recentes,
que se tornam favoritas,
mesmo sem letras escritas,
na hora vai entoando
cada uma, imitando
sem perder a harmonia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

Realiza o assovio
numa grande animação,
que desperta a atenção,
pelo desempenho e brio,
de merecer elogio
por quem está escutando,
apreciando e pensando
como é que se assovia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

Mesmo se for residir
numa grande capital,
não esquece o ritual
e começa a repetir
seu canto e se divertir,
como se estivesse morando
no seu berço, relembrando
faz a sua apologia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

Quantas vezes no sertão
cultivei esse cantar,
um costume do lugar,
que mantém a tradição;
lá no meu sítio São João,
eu ficava admirando,
ouvindo e participando
do canto com alegria.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

É importante escutar
o caboclo nordestino,
no calor do sol a pino,
lutando para tirar
o sustento do seu lar
e viver se esforçando,
produzindo e prosperando,
e fazendo poesia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando. 

O assovio é uma forma
de linguagem universal,
comum e primordial,
que se revela e se informa,
se escuta e se conforma,
se exalta de vez em quando,
seja avisando ou cantando,
constitui uma terapia.
Sertanejo tem mania
de estar assoviando.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

José Alves Sobrinho ganha prêmio do Ministério da Cultura

Pesquisa de professora da UEPB sobre José Alves Sobrinho ganha prêmio do Ministério da Cultura

O resultado do Edital-Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel - Edição Patativa do Assaré, do Ministério da Cultura (MINC), reservou uma grata surpresa a uma docente da UEPB. Lotada na Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PRPGP) da Instituição, a professora convidada Joseilda de Sousa Diniz, foi uma das escolhidas na categoria Pesquisa. Joseilda ganhou o prêmio com a tese intitulada “José Alves Sobrinho: un poète entre deux mondes/José Alves Sobrinho: um poeta entre dois mundos”, sob orientação da professora Ria Lemaire da Université de Poitiers, cuja defesa foi realizada em outubro de 2009, na Universidade de Poitiers, na França.


Segundo Joseilda, a conquista do prêmio vem destacar não somente a importância da obra de José Alves Sobrinho no contexto da Cantoria e do Cordel, como também a necessidade urgente de novas políticas culturais que dinamizem a produção e disponibilizem a comunidade o acervo de cordéis da Biblioteca Átila Almeida da UEPB, na qual a docente efetua suas pesquisas e que foi construída, inclusive, numa parceria intensiva do professor Átila com o poeta José Alves Sobrinho. O prêmio coloca a Paraíba mais uma vez no mapa dos estudos sobre a poesia oral, destacando não só o trabalho da professora Joseilda, mas a UEPB e os poetas paraibanos, em especial, José Alves.

José Alves Sobrinho por Joseilda de Sousa Diniz

Poeta, cantador, improvisador, violeiro, nômade e autodidata, Sobrinho perdeu, no auge da carreira, a sua voz magnífica; tornou-se pesquisador em tradições populares e terminou a carreira como docente e pesquisador da Faculdade de Letras da Universidade Federal da Paraíba, hoje UFCG.

Para ver todos os ganhadores, confira nos link: http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?data=14/12/2010&jornal=3&pagina=18&totalArquivos=280.

Políticas públicas de cultura

O Edital vem demonstrar também a importância das políticas públicas culturais voltadas para o campo das Poéticas das Vozes (poesia oral), bem como a diligência dos órgãos governamentais em colocar a poesia e o imaginário popular no centro de suas preocupações. Para a categoria de Pesquisa (dissertações de mestrado, teses de doutorado ou reedição de livros), foram contempladas dez iniciativas, no valor de R$ 25 mil cada.

Segundo Joseilda, este ano, o prêmio vem ressaltar “a importância da Literatura de Cordel como patrimônio imaterial brasileiro, entendendo sua unicidade e papel fundamental na construção da identidade e da diversidade cultural do país.” Assim, R$3 milhões foram disponibilizados pelo MINC, com o objetivo de incentivar iniciativas vinculadas à criação, produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins.

A criação, pela UNESCO, em 2001, do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, representou um passo fundamental em direção a uma visão diferente, muito mais positiva, das tradições orais e populares.

Ivanildo Vilanova:


Pelo vaqueiro que vaga

Por Pinto e sua viola


Por Zumbi, o Quilombola


Conselheiro e sua saga


Pelo baião de Gonzaga


E a luta de Virgolino


O barro de Vitalino


Pelo menino de engenho


Por isso tudo é que tenho


(Orgulho de ser nordestino)

João Paraibano e Sebastião Dias

1. Quem castiga um inocente
Não tem Deus no coração

Quem bate em criança é
Um tirano desalmado
Inimigo declarado
De Jesus de Nazaré
Um desprovido da fé
Sem chances de salvação
Um monstro sem compaixão
Demônio em forma de gente
Quem castiga um inocente
Não tem Deus no coração
(Sebastião Dias)

Obrigado meu Deus por ter me feito
Nordestino, poeta e cantador


Me criei com cuzcuz e leite quente
Jerimum de fazenda e melancia
Com seis anos de idade eu ja sabia
Quantas rimas se usava num repente
Fui nascido nas mãos da assistente
Na ausencia dos olhos do doutor
Mamãe nunca fez sexo sem amor
Papai nunca abriu mão do seu direito
Obrigado meu Deus por ter me feito
Nordestino, poeta e cantador
(João Paraibano)

Rogério Menezes e Hipólito Moura

Sextilhas: A seca nordestina

Na região nordestina
Que muitos chamam de norte
Eu sei que a cara da seca
Tem aspecto muito forte
Tem o sorriso da fome
E a gargalhada da morte
(Rogério Menezes)

No lugar que a seca passa
Só crueldades revela
Expulsa o homem do campo
Pra padecer na favela
E o Piauí que eu nasci
Já se acostumou com ela
(Hipólito Moura)

Minha boca diz não constantemente
Mas meu peito ainda espera ela voltar

Ao sair ela disse eu vou sozinha
Vou deixar sua casa e seu Estado
Eu sem ela ainda estou desesperado
Sem eu ver o meu bem minha rainha
Não falou pra ninguem se ainda vinha
Ma smeu peito não cansa de esperar
Eu com outra não quero me casar
A não ser que uma deusa se apresente
Minha boca diz não constantemente
Mas meu peito ainda espera ela voltar
(Hipólito Moura)

Mães, uma singela homenagem...

1. Não tem nada parecido
Com o amor da mãe da gente
(Geraldo Amâncio e Sebastião Dias)

A mãe nova ou mãe antiga
Tem coragem como loba
Se tem um filho que rouba
Pra defendê-lo se obriga
Se a polícia lhe investiga
Diz que o filho é inocente
Grita, chora, jura e mente
E defende o filho bandido
Não tem nada parecido
Com o amor da mãe da gente
(Geraldo Amâncio)

2. Coração de mãe parece
Um museu de sofrimento
(Antonio Jocélio e José Fernandes)

Somente o gesto fraterno
Da pobre mãe sofredora
Nos mostra que a genitora
Conduz um amor eterno
Até o leite materno
Além de ser alimento
Serve de medicamento
Quando seu filho adoece
Coração de mãe parece
Um museu de sofrimento
(Antonio Jocélio)

3. Obrigado mamãe por ter me dado
As melhores lições da minha vida (canção)
(João Lourenço e Zé Viola)

À mamãe estou muito agradecido
Que abriu o seu corpo e disse entre
Para ter me matado no seu ventre
Precisava somente um comprimido
Quantas vezes cantou no meu ouvido
O seu colo servindo de dormida
O seu leite era a única bebida
E já saia do peito desnatado
Obrigado mamãe por ter me dado
As melhores lições da minha vida
(joão Lourenço)

João Lourenço e Fenelon Dantas

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1. Sextilhas: O cantador desinformado

2. Se a Igreja apoiar Frei Damião
Vamos ter outro santo brasileiro

http://www.mediafire.com/?4muihjg9mtv 

Dois desafios

1. Cantador pra cantar na minha frente
Deus não faz, nunca fez, nem vai fazer
Zé cardoso e Louro Branco

Pesquisando cheguei à conclusão
Meu espírito de luta é de uma fera
Corto mais do que unha de pantera
Minha força supera a de um leão
Contra a vítima que cai na minha mão
Eu nao sou cascavel mas sei morder
Mike Tyson eu nao sou mas sei bater
Se vc tiver dúvida me enfrente
Cantador pra cantar na minha frente
Deus não faz, nunca fez, nem vai fazer
(Zé Cardoso)


2. Galope à beira-mar
Chico Alves e Antônio Jocélio

Sei que nessa vida tudo continua
Nunca falta água no nosso oceano
Areia no rio, praga no cigano
Quentura no Sol, frieza na Lua
Fome no sertão, político na rua
A nossa esperança vai continuar
Mas tem quatro coisas que tem que acabar
Boca com mau hálito, bucho com ameba
Mulher semvergonha e repentista peba
Nos dez de galope na beira do mar
(Chico Alves)

A mentira que deu certo.



Vou lhes contar uma história
De um caso acontecido
Onde verdade e mentira
Quase têm mesmo sentido
Pois se o cabra não mente
Termina sendo indecente
Sem nada ter ofendido.

Um caboclo bem casado
Que era muito amoroso
Junto com sua mulher
Tinha um casório vistoso
Vivia em lua-de-mel
Era um sujeito fiel
Dedicado e carinhoso.

Porém um dia voltando
Já tarde do seu batente
O pneu do carro fura
Num azar sem precedente
Fazendo ele se atrasar
Na volta para seu lar
O que fazia contente.

Ali não tinha outro jeito
A não ser trocar ligeiro
Aquele pneu sacana
Que atrasou seu roteiro
Pois chegar tarde em casa
Pra quem nunca se atrasa
Pode sujar o terreiro.

Apressou-se no serviço
Pois o tempo ia passando
E enquanto ele trocava
Sua mão ia sujando
Fazendo aquela lambança
Foi quando a sua aliança
Foi do dedo escorregando.

Tentou ele segurá-la
Porém já não tinha jeito
A danada se enfiou
Num bueiro bem estreito
Ele ali ficou olhando
Somente se lamentando
Depois do serviço feito.

Agora ele estava frito
Com toda sinceridade
Mas ser sincero pra ele
Era contar a verdade
Mas quem ia acreditar
Nesta estória de azar
Ou mesmo calamidade.

Foi seguindo seu caminho
Pensando no que faria
Pois se dissesse a verdade
Ninguém acreditaria
Nem mesmo sua senhora
Que por conta da demora
Desconfiada estaria.

Quando ele chegou em casa
A mulher foi perguntando
O que foi que aconteceu
Que agora é que vem chegando
Suado e amarrotado
E com cara de safado
Que eu já estou adivinhando.

E cadê a aliança
Seu cachorro de uma figa
É bom você dizer logo
Antes que comece a briga
Ele seco engoliu
E um reboliço sentiu
Remexendo na barriga.

Mas pra não ficar de bode
Ele começou contando
O caso foi o seguinte
Fique quieta escutando
Conheci uma morena
Bonita e de voz serena
Que foi logo me beijando.

Levei ela pro motel
Ou quem me levou foi ela
Quando dei fé minhas causas
Já estavam na canela
Mas juro foi atração
Porque o meu coração
É só seu e nunca dela.

Foi quando fui me lavar
Que a desgraça aconteceu
A aliança caiu
E no vaso se perdeu
Saí de lá na carreira
Só pensando na besteira
Que nesse dia se deu.

Agora estou eu aqui
Para pedir seu perdão
E se você não quiser
Vai matar meu coração
Porém mentir eu não minto
E a verdade é que eu sinto
Por você muita paixão.

A mulher ouvindo isso
Saiu correndo da sala
Pensou ele com certeza
Deve estar fazendo a mala
Mas ela voltou chorando
Chega vinha soluçando
Tremendo e cortando a fala.

Disse ela eu te perdôo
Pois você disse a verdade
Vamos tentar ficar juntos
Desta vez com lealdade
E se você não mentiu
É porque não conseguiu
Agir com tanta maldade.

Ele suspirou sorrindo
Vendo salvo o casamento
Abraçou a sua esposa
No maior contentamento
E a verdade me inspira
Porém às vezes mentira
É o melhor argumento.

Dois belos motes decassílabos


1. Tenha amor queira bem e fique ausente
Pra saber quanto dói uma saudade
(Ivanildo Vilanova e Zé Cardoso)

Pra quem ama saudade é mais que drama
É a lança cruel e agressiva
Que saudade não mata com missiva
Com bilhente nem carta e telegrama
Não importa o período de quem ama
Na segunda ou na terceira idade
O que falta é ter proximidade
Que o calor é quem mais ajunta a gente
Tenha amor queira bem e fique ausente
Pra saber quanto dói uma saudade
(Ivanildo Vilanova)


2. Quando chega o inverno Deus coloca
Mais fartura na mesa do roceiro
(Valdir Teles e Raimundo Caetano)

A matuta faz fogo de graveto
"Freve" o leite que tem no caldeirão
Bota sal na panela do feijão
E assa um taco de bode num espeto
Onde a música do sapo é um soneto
Mais bonito da beira de um barreiro
Não precisa zabumba nem pandeiro
Que o compasso da música é Deus que toca
Quando chega o inverno Deus coloca
Mais fartura na mesa do roceiro
(Valdir Teles)

Forró na Fazenda

Retornando ainda em clima de São João, deixo aqui o link do cd Forró na Fazenda, dos Nordestinos do Forró. Um prato cheio pra quem gosta de um bom forró pé de serra.

1. Abertura (instrumental)
2. Não tô nem aí
3. Chililique
4. Alegria e sorriso
5. O canto da ema
6. O bicho bom
7. Forró de cabo a rabo
8. Terra, vida e esperança
9. Menina apimentada
10. João e Maria
11. Se tu quiser
12. Anjo protetor
13. Sol
14. Morena eu quero chá
15. Isso aqui tá bom demais
16. Matuto de opinião
17. Meu pitiguari
18. Baião
19. Eu só quero um xodó
20. Amar é coisa boa
21. Rio Una
22. Deixe o rio desaguar
23. Abri a porta
24. Onde está você
25. Machucando sim




http://www.4shared.com/file/52757706/2a9ba9f9/_NORDESTINOS_DO_FORR.html

Isso aqui é só uma mostra, já que a banda possui um total de 10 CDs. Como ela não possui um site (pelo menos não encontrei), deixo aqui o fone de contato para aqueles que quiserem adquirir material.

Nordestinos do Forró: (81) 9128 - 8839 Vitória de Santo Antão - PE

Motes diversos

1. Toda lei ultrapassada
Só favorece o bandido
(Geraldo Amâncio e Moacir Laurentino)

No chão que a lei é omissa
Erra mais do que acerta
Para uns ela é esperta
Para outros tem preguiça
Mas quem falar da justiça
É sujeito a ser punido
Processado e recolhido
E ficar de boca fechada
Toda lei ultrapassada
Só favorece o bandido
Geraldo Amâncio

2. A velhice rasgou a fantasia
Que enfeitava meus tempos de ilusão
(Antonio Jocélio e José Fernandes)

O sinal do fututo está vermelho
Minhas pernas parecem paralíticas
Minha boca só sabe fazer críticas
Reclamar de menino e dar conselho
Quando fico diante de um espelho
Vejo a imagem de uma assombração
Porque tenho mais rugas na feição
Do que gente assistindo a cantoria
A velhice rasgou a fantasia
Que enfeitava meus tempos de ilusão
José Fernandes

3. Se eu perder pra um matuto do seu jeito
Vou deixar de viver da profissão
(Paulo Nascimento e Chico Alves)

Quem promove você nos festivais
Torce pela derrota do parceiro
Perde o tempo que empalha e o dinheiro
Quem se atrave em investir nesse rapaz
Diz que é forte e comigo sofre mais
Do que vaca sem cocho com ração
Do que pássaro perdido em alçapão
E do que bêbado perdido em beco estreito
Se eu perder pra um matuto do seu jeito
Vou deixar de viver da profissão
Chico Alves

Dowload: http://www.4shared.com/file/53038187/fd99b12f/05_Seb_da_SIlva_e_Raim_Caetano.html 

Canções

Disponibilizo desta vez três canções bastante conhecidas entre os apreciadores da viola.

1. Voltando à minha terra
Severino Feitosa

2. Velhinho do roçado
Espedito Sobrinho

3. Criança morta
Moacir Laurentino

http://www.4shared.com/file/53537484/6af5a39b/canes.html 

Enevaldo Hipólito e Vitorino Bezerra

. Viagra tem levantado
A moral de muita gente

Tem homem que se consagra
Como um herói no carinho
Eu conheci um velhinho
Que a carne era fraca e magra
Depois que tomou viagra
Ficou novo e mais potente
Cresceu um negócio quente
Onde era curto e gelado
Viagra tem levantado
A moral de muita gente
(Vitorino Bezerra)

2. Se eu morrer de saudade a culpa é dela
Que não quis aceitar meu coração

Quem falava te quero amor eu juro
Resolveu me deixar sem seu carinho
Quando eu nem esperei tava sozinho
O meu sonho de amor foi prematuro
Ouvi tanto te amo sem futuro
Que prefiro ficar sem audição
Seu amor é mais falso do que são
Os amores de filme e de novela
Se eu morrer de saudade a culpa é dela
Que não quis aceitar meu coração
(Enevaldo Hipólito)

3. Gênero: O que é que me falta fazer mais...

http://www.4shared.com/file/54762176/72f9fc54/Enevaldo_e_Vitorino.html 

Poetas do Repente

Trata-se de um documentário dividido em 19 partes exibido pela TV Escola e disponibilizado no site: http://www.dominiopublico.gov.br/.

Para facilitar o acesso dos amigos, estou disponibilizando cada parte do video através do seu respectivo link.

A 1ª parte traz de cara João Paraibano e Sebastião Dias.
Bom proveito!

1ª Parte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53742

2ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53743

3ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53744


4ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53745

5ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53746


6ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53747

7ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53748 

8ª Parte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53749 

9ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53750 

10ª Parte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53751 

11ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53752 

12ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53753 

13ª Parte: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53754 

14ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53755 

15ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53756 

16ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53757 

17ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53758 

18ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53759 

19ª Parte:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=53760 

Decassílabos com os Nonatos

3. Deputados por mês querem cem mil
E dão trezentos e oitenta a quem trabalha

Na proposta eles pedem cem porcento
De salário dos cofres executivo
Imagine o poder legislativo
Ter direito em votar seu próprio aumento
Dos larápios que estão no parlamento
Um conversa abobrinha outro gargalha
A justiça é corrupta, cega e falha
E eleitor um cordeiro no covil
Deputados por mês querem cem mil
E dão trezentos e oitenta a quem trabalha
(Nonato Costa)

http://www.4shared.com/file/55448881/514a84a9/Nonatos_3.html 
Laranjinha, cantador de pouca verve, imaginava não ter dito
asneira ao afirmar perante Lourival Batista (Louro do Pajeú):

Você tá cantando ruim
Que só mulher falsa ao marido

Louro deu a resposta:

Seu verso foi sem sentido,
A rima mal colocada,
Só hoje é que vim dar fé
Que você não canta nada,
Pois mulher falsa não canta
A mulher falsa, é cantada.


Do livro Lourival Batista Patriota, de Ivo Mascena Veras, 2004.
CEPE Editora, Recife.

Irmãos Bandeira

1. A virada do milênio
Pedro Bandeira e Francisco de Assis

Que os poetas populares
Tenham versos na memória
Que os inquilinos da Terra
Subam ao pódio da glória
Que ninguém tenha complexo
E o comércio do sexo
Saia das páginas da história
(Pedro Bandeira)

2. Paraíba pequenina
Sempre grande na cultura
Daudeth Bandeira e João Paraibano

Paraíba pequenina
Só geograficamente
Mas é extremo oriente
Da nossa América Latina
A chamaram masculina
Por ser forte brava e pura
Mas pra mim tem a brandura
Da deusa mais feminina
Paraíba pequenina
Sempre grande na cultura
(Daudeth Bandeira)

http://www.4shared.com/file/56294679/8760bfd7/Daudeth_Bandeira_e_Pedro_Bandeira.html 

Cancão

Um rapaz embriagado
Entrou num salão de dança
Sem nenhuma segurança
Pendendo pra todo lado
O rosto todo melado
De óleo, terra e carvão
Fez um rabo de cordão
Parecia o satanás
Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção

Manoel Filó

Eu acho que não convém
Falar de quem bebe porre
Porque se quem bebe morre
Sem beber morre também
Apenas quem bebe tem
Suas artérias normais
Trata das fossas nasais
Controla o metabolismo
Cachaça no organismo
É necessário demais

Do livro As Curvas do Meu Caminho, de Manoel Filó, Editora e Gráfica Franciscana, Petrolina-PE, 2004.

Desafios com Zé Cardoso

Cantador pra cantar na minha frente
Deus não faz, nunca fez, nem vai fazer

Pra topar o "terror riograndense"
Zé Viola talvez que não aceite
Moacir diga não, Valdir enjeite
Se Geraldo souber talvez dispense
Vilanova sabendo que não vence
Chega a carta, ele abre e não quer ler
Louro Branco com medo de perder
A desculpa é "não vou porque sou crente"
Cantador pra cantar na minha frente
Deus não faz, nunca fez, nem vai fazer
(Zé Cardoso)
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MOTE: Como dói a solidão No meio de tanta gente.

E longe da namorada
o cabra fica pensando
A saudade aumentando
Numa angústia danada
Olha pra foto guardada
Mostrando um beijo quente
Fica sozinho e carente
Com o retrato na mão
Como dói a solidão
No meio de tanta gente.
==========

ja amei e fui amado
mulheres tive demais
roubei filhas de seus pais
por ser bem apessoado
namorei e fui namorado
hoje em dia estou carente
de amor vivo doente
não arranjo nem canhão
como doi a solidao
no meio de tanta gente
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Assim vai passando o dia
Lembrando do seu passado,
Onde vivia acompanhado
de amizade e alegria,
o que fez, o que faria,
tomar whisky ou aguardente,
mentir que é o mais valente
e sorrir da discussão,
Como dói a solidão
No meio de tanta gente.
==========
Essa dor é camuflada
Roendo dentro da gente
Maltrata qualquer vivente
Mas não posso fazer nada
Só pensando na danada
Que dela sou dependente
Vivo desde adolescente
Sofrendo nesta aflição
Como dói a solidão
No meio de tanta gente.
========

3 poemas

http://www.4shared.com/file/57196939/62ba8c7f/3_poemas.html?dirPwdVerified=44ca76e

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1. A loucura
Declama: Louro Branco

2. A tinta branca dos anos
Autor: Dedé Monteiro
Declama: João Bernardes


3. Não conheço esquerdista que não mude
Quando pega nas rédeas do poder
Autor: Ivanildo Vilanova
Canta: Ivanildo Vilanova

Numa troca de olhar apaixonado Nascem muitas promessas de amor

Certo dia eu ia em uma esquina
E uma moça bonita me olhou
Meu olhar com o dela se encontrou
E eu falei de namoro pra menina
Uma moça corada e muito fina
Comparei com o anjo do Senhor
E depois que senti o seu calor
Percebi que stava dominado
Numa troca de olhar apaixonado
Nascem muitas promessas de amor
(Raimundo Adriano)

João-de-Barro engenheiro Que a natureza formou

Por ser muito experiente
Pra ver se o inverno é fraco
Faz a entrada do barraco
Virada para o nascente
Ou então para o poente
Se no plano se enganou
Quando se certificou
Que vai cair aguaceiro
João-de-Barro engenheiro
Que a natureza formou
(Zé Martins)

Nada mais deixa um homem revoltado Do que ver a família sem comer (Edvaldo Zuzu e Severino Dionízio)

Vai morar no sopé duma montanha
Vai pedir, mas pra dar não há empenho
"Me perdoe", "dou depois" e "nada tenho"
As três frases melhores que ele ganha
Quando é no período de campanha
Só se vê candidato aparecer
Prometendo querendo se eleger
E quando ganha se esquece do coitado
Nada mais deixa um homem revoltado
Do que ver a família sem comer
(Edvaldo Zuzu)

Desperta o vaqueiro ouvindo O canto da passarada (Zé Viola e Enevaldo Hipólito)

Acorda de manhã cedo
Arruma peia e cachilhos
Ordenando os seus filhos
Revelando algum segredo
Pisa salsa e pé de bredo
Da passeio na aguada
E a mãe pra filharada
Vai um cuzcuz repartindo
Desperta o vaqueiro ouvindo
O canto da passarada
(Zé Viola)

Ivanildo Vilanova e Zé Cardoso

Louro Branco e Zé Cardoso
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1. Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia

Rapaz que tem companheira
Não leva Salve Rainha
Mas leva uma camisinha
Escondida na carteira
Tira a roupa da parceira
Mama chega o peito esfria
Chupa na língua macia
Como quem chupa confeito
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia
(Louro Branco)

Vi um casal na calçada
Ela com ele abraçado
Ele na boca colado
Ela na língua enganchada
Uma velha admirada
Dizia: "Vixe Maria!"
E com tristeza dizia:
"Eu nunca fiz desse jeito"
Não existe mais respeito
Nos namoros de hoje em dia
(Zé Cardoso)