sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A LOUCURA - Louro Branco



Até que fim achei o autor desses versos, já escultei milhares de vezes, é sem dúvida um dos melhores... Tinha que ser de um grande poeta. Lembro que quando digitei me deparei com palavras que nunca ouvi e que não encontrei em dicionário, apenas no Google depois de muito pesquisar.

A LOUCURA
Me perguntou certa jovem
Como pode ser o louco
Respondi continuo pouco
Quando vexame se movem
Duras tormentas promovem
Um roto senso baldado
A sorte daquele estado
Planeja pela miséria
Fazer daquela matéria
Um corpo inutilizado


O louco crânio sem tino
Vivente de tortos planos
Retrato dos desenganos
 Imagem de mau destino
Convívio de peregrino
Figura de grande peso
Cofre de guarda desprezo
Auto cume dos lamentos
Sustentante de tormentos
Estátua de menosprezo

Tem louco muito que até
Agente pensa que é pouco
Tem outro que nem é louco
E a gente pensa que é
A presença rouba a fé
O que não é se parece
O que é se transparece
Parece armada de troco
Mesmo assim quem não é louco
Tendo motivo enlouquece

Loucura dá pesadelo
No sono do abandono
Buscando jogar seu dono
Na vala do desmantelo
Distúrbio de meigo apelo
Prisão sem data marcada
Figura de cruz pesada
Copia de triste sentença
Ainda tem gente que pensa
Que aquilo não vale nada

Um louco é um penitente
Um pobre, um abandonado
Um feio, um esfarrapado
Um fraco triste decadente
Um destronado, um doente
Um vivo sem saber ser
Uma vida sem viver
Um corpo que não repousa
Finalmente é tanta coisa
Que eu mesmo não sei dizer

Eu conheço criatura
Perfeita e que tem bom senso
Fazendo pagode imenso
Do cristão que tem loucura
Alma de visão escura
Quem tem senso vive bem
Não mangue de quem não tem
Moralize os modos seus
Dê antes graças a Deus
Por não ser louco também

O louco é teimoso forte
Folha caída bolando
Como trapo incendiando
Nas chamas da pouca sorte
Desafia a dor da morte
Parelha dos castigados
 Caminho dos humilhados
Repudio dos anartistas
Para essência que egoístas
Espelho dos bem pensados

O louco dos modos seus
Da pra se ficar pensando
Que o mesmo vive pagando
Mil contas que deve a Deus
Sinto nos pesares meus
Que aquilo é uma existência
Maquinante, pertinência
Pior do que quem não fala
Que o louco retrata a mala
De Deus guarda penitência

Louco admira marmota
Beleza não admira
Se for pra tirar não tira
Se for pra botar não bota
Quando ver faz que não nota
Se nota busca não vê
Quando traz é sem poder
Se puder trazer não traz
Quando diz que faz não faz
E quando faz é sem dizer

Doente é um louco broco
O velho louco demente
Menino louco inocente
Teimoso é o louco bobo
Beberrão é pouco louco
Poeta contem mistura
Casar é loucura pura
Mulher comumente é louca
Finalmente tem bem pouca
Gente para não ter loucura.

Obs.: Anarta (anartha): coisas indesejáveis maus hábitos, vícios...Aquilo que impede o desenvolvimento progressivo do ser humano.