quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Versos de João Paraibano

Branca, preta, pobre e rica,
toda mãe pra DEUS é bela;
acho que a mãe merecia
dois corações dentro dela:
um pra sofrer pelos filhos;
outro pra bater por ela.

Vi o fantasma da seca
Ser transportado numa rede
Vi o açude secando
Com três rachões na parede
E as abelhas no velório
Da flor que morreu de sede.

Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.

Estou ficando cansado
O corpo sem energia
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria.

Toda a noite quando deito
Um pesadelo me abraça
Meu cabelo que era preto
Está da cor de fumaça
Ficou branco após os trinta
Eu não quis gastar com tinta
O tempo pintou de graça.

Terreno ruim não dá fruto,
por mais que a gente cultive,
no seu céu eu nunca fui,
sua estrela eu nunca tive,
que o espinho não se hospeda,
na mansão que a rosa vive.

Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.

- Poeta João Paraibano

Botânica - Pinto e Lourival

Um Bacharel em Direito na época pediu para Lourival e Pinto cantarem sobre o tema "botânica"... Naquela época tinha gente com estudo que nem sabia o que era botânica, então Lourival olhou para Pinto e perguntou "tu sabe cantar sobre botânica?" e pinto respondeu "tu fizesse até a 8ª e não sabes, imagina eu que só fiz até 3ª série", mas Lourival pensou rapidamente e disse:

Botânica é uma ciência
de um elevado valor
Da raiz até a fronte
eu sei cantar com o Senhor
Pistilo, estame e carola
São as três partes da flor.

Pinto imediatamente notou a falha e disse:

Mas enganou-se o Senhor
falando assim tão errado
E cantando desse jeito
Muito tem se confessado
Parte da flor é corola
Precisa ter mais coidado.

Lourival em seguida respondeu:

Para não ser um só errado
Errei eu e erras tu
Errou Pinto de Monteiro
e Louro do Pajeú
e na palavra coidado
Tire um "o" e bote um "u".

Eu quando mato um preá Pego, pelo, espeto e asso - Generino Batista

Generino Batista:

Eu quando mato um preá
Pego, pelo, espeto e asso.
A mulher come uma banda
Cada menino, um pedaço.
Eu sou feliz quando chupo
O osso do espinhaço.

Antes de beber cachaça Até chover me ofendia - Cecinho Gomes

Cecinho Gomes

Antes de beber cachaça
Até chover me ofendia
Depois tomei por remédio
Foi tão grande a serventia
Que até a dor da saudade
Não dói mais como doía.

Causo - Xudú

- Sou um cidadão de bem, só ando em cima dos trilhos.

Xudú:
Eu sou pai de quatro filhos
Que a natureza me deu
De manhã vem quatro pães
Cada qual reparte o seu
O que sobra a mulher come
E quem sai perdendo sou eu.

Vira lata da tua qualidade Não acua tatú no meu terreno - Pinto de Monteiro.

Pinto de Monteiro.

Quando eu canto galope em uma sala
Desce o céu, sobe a terra, seca o mar
Para a brisa, muda o vento, finda o ar
Cego vê, surdo escuta e mudo fala
Gela o Sol, queima a lua, o eixo estala
Tempestade transforma-se em sereno
Cascavel perde a base e o veneno
A mentira se vira na verdade
Vira lata da tua qualidade
Não acua tatu no meu terreno.

Furiba e Lourival

Furiba:

Meu colega Lourival acho que já vou embora
Tá dando já meia noite breve será zero hora
E eu não quero dá massada na mulher que me adora

Louro:

Furiba não vá agora com essa garota sua
Pois lá fora tem malandro que meche até com a lua
Carrega ela e lhe deixa vagando só pela rua.

Furiba:

Mais perigoso é a sua ficar em casa sozinha
Você entra pela sala, outro sai pela cozinha
Eu pra num correr perigo pra onde vou levo a minha.

Causo de Dimas batista

Um sargento colocou duas notas na bacia do poeta cantador que em agradecimento respondeu...
Dimas batista:
Sargento essas duas notas gostei de recebê-las
Deus queira que essas três fitas transforme-se em três estrelas
Dos braços passe aos ombros e eu seja vivo para vê-las.

Causo de Heleno Belo

Heleno Belo estava fazendo versos com os motes que a plateia oferecia e na primeira fila estava Joventino com uma pistola na cintura, então João Bento que estava na última fila escondido gritou o mote "Seu Joventino é ladrão", mas o poeta perspicaz que tem que cumprir com seu papel se saiu da seguinte maneira:
Só deixando de glosar
Embora seja um defeito
Quem glosa fica sujeito
A ferir ou melindrar
Agora vou me arriscar
Ofendendo ao cidadão
Que com calma e educação
Podia ser meu amigo
Você diz, mas eu não digo
Seu Joventino é ladrão.

Senhores críticos, basta! - Rogaciano Leite

Senhores críticos, basta!
Deixai-me passar sem pejo
Que um trovador sertanejo
Vem seu pinho dedilhar
Eu sou da terra onde as almas
São todas de cantadores
Sou do Pajéu das Flores
Tenho razão de cantar
Não sou um Manoel Bandeira
Drummond, nem Jorge de Lima
Não espereis obra-prima
Desse matuto plebeu
Eles cantam suas praias
Palácios de porcelana
Eu canto a roça, a cabana
Canto o sertão que é meu!

Biu doido e Miguel Amorim

Miguel Amorim recitava enquanto Biu doido só observava... Miguel finalizando disse: 

Não a pista que não se aborreça
Vem da arte virando consumismo
Por mundões que explora vagabundas
Que se diz artista de uma arte
Explora tudo e tudo em toda parte
Tudo que as pacas ofereça
No país onde bunda vende ingresso
Lota show, grava disco e faz sucesso
Tem o povo com merda na cabeça.

Biu doido logo se aproximou e disse:

Se eu tivesse a minha mãe
Como vocês tem a sua
Eu não vivia abandonado
Em casa na rua
Ai minha mãe, meu querido santo amor
Só comparo amor de mãe, com a imagem do Senhor
Papai chora por mamãe, mas quem deve chorar sou eu
Papai arruma outra mulher, quem não arruma outra mãe sou eu.

O HOMEM E O TEMPO - ANTÔNIO MARINHO

HÁ ENTRE O HOMEM E O TEMPO
CONTRADIÇÕES BEM FATAIS:
O HOME TRÁS E NÃO LEVA
O TEMPO LEVA E NÃO TRAZ
O TEMPO FAZ E NÃO DIZ
O HOMEM DIZ E NÃO FAZ!

VAGALUMES - CACÃO

DEZENAS DE VAGALUMES
JÁ BRILHAM NA VASTIDÃO
COMO UMA FILA DE LOUCOS
DE LANTERNIHAS NA MÃO
ILUMINANDO A ESTRADA
NÃO SABEM PARA ONDE VÃO