segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Juntando tudo isso Ainda é melhor que Naca.

Certa vez no bar de Naca (apelido da dona do bar) uns violeiros começaram a fazer repente e assim foi chamando a freguesia, depois que deram uma pausa foram até o balcão e pedirão um café, mas Naca disse que não tinha, então o poeta exclamou:

Um arroto de urubu,
Um peido de uma ticaca,
16 kg de merda
Com fumo de arapiraca,
Juntando tudo isso
Ainda é melhor que Naca.

- Não lembro o nome do poeta.

Se ela morrer, eu não choro E nem vou ao enterro dela.

Eu quero vê-la sofrer
Sem ter lugar para dormir,
Me implorar e pedir
Um lugar e não vai ter,
Vou lhe negar o comer
Que tem na minha panela,
Só não nego água a ela,
Mas vou dar sem cloro
Se ela morrer, eu não choro

E nem vou ao enterro dela.

- Não lembro o nome do poeta.

Jesus emprestou perfume A madeira do sertão.

No aceiro do roçado
Nasceu um pé de angico

Daquele cheio de bico
Que por Jesus foi plantado,

Entre o casco vermelhado
Igual o sangue de cristão,
A madeira dá carvão,
A casca vai pro cortume, 
Jesus emprestou perfume
A madeira do sertão.

- Pinto de Monteiro (se não me falha a memória)

domingo, 2 de setembro de 2018

1º lugar no Concurso de Cordéis - UNIPÊ

Tema exigido: Cordel

No cordão era pendurado
Folhetos para vender,
E aí que começou a ser
Cordel como é chamado,
Quem conhece o legado
Da cultura e da poesia
Sabe bem da maestria
Dessa literatura popular,
Agora vou-lhes contar
Onde é que se inicia...

 Foi no século dezenove
Que surgiu o Cordel,
Onde algum menestrel
De cultura muito nobre
Trouxe para os nove
Estados do nordeste,
Trovadores que veste
Hoje o nome de repentista
Poeta, cantador, artista
Da linguagem celeste.
  
Mas também cresci escutando
Que na verdade foi um rio
Que de lá um poeta partiu
E sua viola acabou deixando,
Enterro-a as margens chorando
Declamando versos de adeus
E deixando para os seus
Filhos do Pajeú das flores
O dom dos poetas cantadores,
Sucessores, graças a Deus.
  
A xilogravura foi implantada
No cordel para dá mais vida,
O poeta da arte faz guarida,
Deixa sua marca implantada
No papel da matriz pintada
Faz a sua figura imortal,
O processo é todo manual
Com detalhe e habilidade
A cada talhe de igualdade
Tornando-se obra cultural.


Essa área é muito diversificada,
Tem o cordel e o repentista,
Tem o declamador e o artista
E tem até o que não faz nada,
Mas sabe o que faz na amada
Quando ela escuta um poema
Daqueles que chega empena
A cabeça dela para escutar
Cada verso que faz viajar
Num romance de cinema.

Dentre os cordéis que indico
Tem esse que é o mais famoso,
Chama-se “o pavão misterioso”
Que conta um romance de rico,
Onde tem um rapaz que faz "bico"
Tipo esse do pavão que é surpresa
E tem a princesa que é preza
Em um castelo na Grécia,
Quer saber dessa peripécia?
Peça que conto essa proeza.
  
Mas também posso contar
Doutro cordel conhecido
Que é um herói ou bandido
Vai depender do que achar,
Porém vou logo alertar
Que estou falando de Lampião
O que desbravou o sertão
E que foi no inferno atentar,
Conta à chegada dele por lá
Que até o cão teve medo
Por que imagina o desespero
Que é vê um cangaceiro chegar.


Cresci escutando Lourival,
E li versos de Rogaciano,
Ouvi até João Paraibano
Falar da natureza surreal,
Cascavel do repente era fatal
Por que ligeiro era seu bote,
Podia colocar qualquer mote,
Milanês, Furiba e Otacílio
Soube quem foi esse empecilho
Que só veio perder para morte.

Ariano Suassuna contribuiu
Na divulgação dessa cultura,
Jessier Quirino  divulga a altura,
Bráulio Bessa declama pro Brasil,
Amazan também é nota mil
E outros que aqui tento lembrar
Como Patativa do Ceará,
Zé Limeira que rima com tudo,
O famoso poeta do absurdo
Que Orlando Tejo fez se tornar.

Alguns versos fala da beleza
Que encontramos no sertão...
Da maria-fita, do azulão
E da sabiá na natureza,
Fala até mesmo da tristeza
Que é vê o seu gado morrer
Quando falta água para beber
A poesia é que traz felicidade
Quem é nordestino de verdade
Tem orgulho de aqui viver.

Agora digo humildemente
Poeta não é só o escritor
É aquele que transforma a dor
E que com o coração sente
Por favor, valorize a gente
E dê continuidade a memória
Pois essa é a nossa história
E também nossa identidade,
Transformando a diversidade
Em escada para a vitória.

- Edjovaldo

https://unipe.br/wp-content/uploads/2017/06/1%C2%BA-lugar-Concurso-de-Cord%C3%A9is-1.pdf

E quem sabe quem sou sou eu. - Ivanildo Vila Nova

Para conhecer meus acenos
Eu não vejo quem se gabe,
A minha mulher não sabe
Os meus sogros muito menos,
Os meus meninos pequenos
Não conhece o gênio meu.
Minha mãe nunca entendeu,
Meu pai nunca decifrou,
Sou eu quem sabe quem sou
E quem sabe quem sou sou eu.

- Ivanildo Vila Nova