sábado, 17 de setembro de 2016

Dama da noite - Chico Pedrosa

Quando o processo mental se espalha na colmeia do juízo,
eu desconheço quem afugente a ideia que está no pensamento.
Eu mesmo só me contento depois que estou saciado,
e assim são todos os seres
que tem haver e deveres com este mundo intrincado.

Eu hoje daria tudo só para ter o direito
de falar ao mundo inteiro o que penso a teu respeito.
Meu desejo é te agarrar com minhas mãos, te apertar até te ver dominada.
Para pagares com castigo o que fizeste comigo durante a noite passada.

A noite, apesar de quente era calma
e eu estava repousando em minha cama quando alguém se aproximava
e esse alguém eras tu, roçaste teu corpo nú em mim,
que estava despido, me cheiraste, me mordeste,
de tal forma me envolveste que estou esmorecido.

Ainda não satisfeita, deixaste nos meus lençóis,
as incontestáveis provas do que houve entre nós,
e sem o mínimo pudor, manchaste meu cobertor com tua sede voraz,
e saístes manhosamente, talvez pra noutro
mostrar do que és capaz.

Planejaste muito bem o modo de me envolver,
cantastes no meu ouvido me fazendo adormecer,
de manhã quando acordei toda a casa vasculhei
na ânsia de te encontrar, mas confesso foi em vão
só os vestígios no chão foi possível constatar.

Hoje a noite em minha cama espero te encontrar,
vamos ter uma conversa, não sei se tu vais gostar.
quero olhar na tua cara, e saber o porque da tara,
que tu tens pra perturbar.
Vou arrochar teu pescoço até tu cantares grosso
ou talvez mais nem cantar.

Todo teu corpo será por minhas mãos comprimido,
só assim receberás o castigo merecido invasora desalmada.
perturbadora, tarada, insaciável, vulgar, magricela sem futuro,
sanguessuga do escuro hoje tu vais me pagar.

Não haverá parte alguma do teu corpo ou região
em que todos os meus dedos a noite não passarão,
só deixarei quando vir o sangue quente a sair
de teu corpo dama imunda, 
só assim me vingarei, de ti pelo que passei...
MURIÇOCA VAGABUNDA.

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